terça-feira, 17 de janeiro de 2012


Óxido Nítrico - Pesquisa Web


  • Todos os Resultados
1 a 10 de 54.200 resultados· Avançada

Paginação





Afido até o fim
(Página 5 de 6)
© MARCIO BALTHAZAR E CLARISSA YASUDA/UNICAMP
Em amarelo: áreas do cérebro em que há perda de massa branca no Alzheimer
Tão importante quanto localizar e medir a perda de massa cinzenta é saber o que a provoca. Recentemente dois grupos paulistas encontraram algumas pistas de alterações bioquímicas que se tornam comuns com o envelhecimento e desencadeiam a morte celular – o que pode explicar, ao menos em parte, a perda de neurônios observada nos idosos.
Anos atrás Elisa Kawamoto e Cristoforo Scavone, do Laboratório de Neurofarmacologia Molecular da USP, procuraram Tania Marcourakis e Ricardo Nitrini, estudioso do mal de Alzheimer, para propor uma colaboração: pretendiam estudar pessoas com a enfermidade à procura de alguma característica especial que pudesse ser usada como marcador biológico da doença, que até hoje só é confirmada após a morte por meio da autópsia. Trabalhos publicados à época sugeriam que o Alzheimer, que leva à perda progressiva da memória e da capacidade de realizar funções essenciais à vida como se alimentar, afetaria todo o organismo, e não apenas o sistema nervoso central.  Ao analisar a atividade das proteínas de dois tipos de células do sangue (hemáceas e plaquetas), Elisa e Scavone descobriram uma alteração importante. Quem tinha Alzheimer produzia óxido nítrico em níveis bem superiores ao normal. Extremamente versátil, o óxido nítrico é um composto essencial à vida que funciona como neurotransmissor no sistema nervoso central. Em excesso, porém, mata as células – o óxido nítrico gera moléculas chamadas radicais livres, que danificam as proteínas celulares. Faltava verificar se a produção exagerada desse composto era exclusiva do Alzheimer ou uma característica do envelhecimento.
De volta ao laboratório, Scavone e Elisa realizaram testes com ratos com idades variando de 6 a 24 meses, o que, em uma comparação grosseira, corresponderia em humanos a uma faixa etária que vai do final da adolescência até os 85 anos. Desta vez encontraram produção aumentada de óxido nítrico tanto nas células sanguíneas quanto em neurônios do córtex pré-frontal dos animais idosos. Era um sinal de que o desequilíbrio bioquímico deveria surgir com o envelhecimento. 
E havia mais. Já se sabia que os neurônios do córtex cerebral eram muito mais suscetíveis aos danos que surgem no Alzheimer do que os neurônios do cerebelo. Mas não se tinha ideia de qual fator conferia essa resistência. Elisa descobriu que as células do cerebelo produziam níveis mais altos de uma proteína que auxilia a preservação e estimula a proliferação dos neurônios: o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). As taxas de BDNF também eram mais elevadas no córtex de ratos jovens do que no de ratos idosos. “Com a diminuição da produção desse composto neuroprotetor e o aumento da geração de radicais livres, a célula não resiste”, diz Elisa, que atualmente pesquisa no Instituto Nacional do Envelhecimento dos Estados Unidos a capacidade de compostos naturais como a curcumina combaterem os radicais livres.
Estudando a causa da morte de neurônios de ratos idosos, as farmacologistas Soraya Smaili e Guiomar Lopes, da Universidade Federal de São Paulo, viram que a elevação dos níveis de radicais livres no interior do cérebro danifica a membrana de uma das organelas mais importantes da célula, a mitocôndria, que transforma o açúcar (glicose) disponível no sangue em energia. Com a membrana alterada, a mitocôndria libera proteínas que desencadeiam a morte celular. “O envelhecimento parece produzir uma série de alterações que, isoladamente, não causam disfunção celular, mas, em conjunto, matam as células”, diz Soraya.
Anterior  1  2  3  4  5  6 Próxima